Em março de 1978 chegava ao Vale do Jequitinhonha o jornal GERAES, um nanico independente para "dar voz e vez aos trabalhadores da região", mostrando "O homem do Vale, suas realizações, seus sonhos e sua luta por melhores condições de vida". O GERAES foi criado por quatro jovens, filhos do Vale, que eram estudantes universitários em Belo Horizonte e envolvidos com o Movimento Estudantil: Aurélio Silby, Carlos Figueiredo, George Abner e Tadeu Martins. O jornal foi o responsável pelo chute inicial no processo de desenvolvimento cultural do Vale do Jequitinhonha. Mesmo perseguido pela ditadura militar, o GERAES conseguiu aumentar a discussão política no Vale, ajudando a criar e fortalecer sindicatos, associações comunitárias e diversas entidades culturais. Em Belo Horizonte o GERAES gerou o Centro Cultural Vale do Jequitinhonha (CCVJ), que reuniu os filhos da região aqui residentes e abriu espaço para as realizações do Vale na imprensa estadual e nacional.
Em novembro de 1979 o GERAES promoveu em Itaobim o "1º Encontro de Compositores do Vale do Jequitinhonha", que reuniu 22 compositores vindos de 15 cidades da região e foi, sem dúvida alguma, a mola propulsora da música dos artistas do Jequitinhonha. Este Encontro gerou o FESTIVALE, idealizado para ser a reunião anual de todas as áreas do fazer cultural da região: músicos, poetas, artesãos, congadeiros, foliões, batuqueiros, escritores, repentistas, cantadores e contadores de "causos", escrevendo juntos A VIDA DO VALE EM VERSO E VIOLA. O idealizador do evento justificava assim a sua proposta: "É preciso que o Vale se conheça. Pois só quem conhece, gosta. Só quem gosta, defende. Só quem defende, divulga. E é divulgando o que defendemos, porque gostamos e conhecemos, que nós vamos ajudar a desenvolver o Vale do Jequitinhonha".
O FESTIVALE, Festival da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha, ocorre sempre no mês de julho, cada ano em uma das cidades da região. Não é um festival de música, como muita gente ainda pensa. O festival de música é apenas um evento dentro da programação que conta com feira de artesanato; cursos e oficinas de literatura, teatro, artes plásticas, medicina popular e música; feira de folclore; feira de violeiros; bailes e muitos shows de música, teatro e dança. O FESTIVALE nasceu em 1980, e até em 1983 todos os artistas que venciam o festival de música, ganhavam do CCVJ a certeza de muitos shows em cidades do Vale e em outras cidades mineiras. Por isto, se projetaram no cenário musical mineiro. O 1º FESTIVALE reuniu nomes como Paulinho Pedra Azul (1º lugar), Tadeu Franco (3º lugar e melhor intérprete) e Rubinho do Vale (4º lugar). Rubinho do Vale foi também o vencedor do 2º e 3º festivais.
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